Estudo alerta para riscos de campos electromagnéticos

O relatório do Bioinitiative Working Group, um grupo internacional que reúne cientistas, investigadores e profissionais de saúde pública, datado de finais de Agosto, manifesta «sérias preocupações científicas» sobre os limites que actualmente regulam os campos electromagnéticos admissíveis de linhas eléctricas, telemóveis e muitas outras fontes de radiação presentes na vida quotidiana, que considera inadequados para proteger a saúde humana.

Os investigadores apresentam informação detalhada sobre os efeitos nefastos na saúde quando as pessoas estão expostas a radiação electromagnética centenas ou mesmo milhares de vezes abaixo dos limites actualmente estabelecidos pela Comissão de Comunicações Federal (norte-americana) e pelo Comité Internacional europeu para a Protecção de Radiações Não-Ionizantes (ICNIRP, na sigla inglesa).

Os autores analisaram mais 2.000 estudos científicos e concluíram que os limites de segurança existentes são desadequados.

O relatório documenta preocupações crescentes relacionadas com a leucemia em crianças (devido a linhas eléctricas), tumores cerebrais e neuromas acústicos (tumores do nervo auditivo), relacionados com telemóveis e telefones sem fios, e doença de Alzheimer.

«Existem evidências de que os campos electromagnéticos (CEM) são um factor de risco para o desenvolvimento de cancro em crianças e adultos», salienta o documento.

O especialista em saúde pública e co-autor do relatório David Carpenter, director do Instituto de Saúde e Ambiente da Universidade de Albany, afirmou que «o estudo é um alerta para os efeitos da exposição a longo prazo aos campos electromagnéticos. É necessário um bom plano de saúde pública para prevenir o cancro e as doenças neurológicas ligadas à exposição a linhas eléctricas e outras fontes de CEM».

As questões relacionadas com CEM e linhas eléctricas surgiram pela primeira vez em 1979, quando quando uma especialista em saúde pública e um engenheiro eléctrico constataram que as crianças que viviam em áreas próximas de linhas eléctricas e postos de transformação tinham duas a três vezes mais probabilidade de desenvolver leucemia.

Lennart Hardell, professor do hospital universitário de Orebro (Suécia) e especialista em tumores cerebrais afirmou que a evidência de riscos associadas ao uso prolongado de telemóveis ou telefones sem fios «já é muito forte, quando se analisam as pessoas que usam estes aparelhos há dez ou mais anos e quando são usados, sobretudo, num só lado da cabeça».

Um resumo dos vários estudos sobre tumores cerebrais mostra um aumento de 20 por cento dos riscos relacionado com dez anos de utilização. Mas o risco aumenta para 200 por cento quando os aparelhos são essencialmente usados num só lado da cabeça.

Outro alerta vai para as tecnologias sem fios que usam radiofrequência para enviar e-mails e comunicações de voz e que são «milhares de vezes mais fortes do que os níveis identificados» estando associados a sintomas físicos, incluindo dores de cabeça, fadiga, sonolência, tonturas, alterações da actividade cerebral e falta de memória e concentração.

Os cientistas revelam que estes efeitos podem ocorrer mesmo com pequenos níveis de exposição, se acontecer numa base diária, sendo as crianças mais vulneráveis.

O relatório conclui que os dados actuais, embora limitados, são suficientemente preocupantes para questionar a fundamentação científica dos limites de segurança em vigor.

A Agência Europeia do Ambiente (AEA), que foi parceira neste estudo, recomenda igualmente a adopção do princípio de precaução.

«Existem muitos exemplos em que o princípio de precaução não foi assumido no passado e que resultaram em danos sérios e, muitas vezes, irreversíveis para a saúde e o ambiente», declarou Jacqueline McGalde, directora executiva da AEA, recomendando a adopção de acções «para evitar ameaças sérias, potenciais e plausíveis, para a saúde devido a presença de campos electromagnéticos».

 

Fonte: Diário Digital / NBRSolutions

07/10/2007